Imagem: acervo pessoal.
Há um ditado popular que diz “uma imagem vale mais que mil palavras”, a autoria da sentença é atribuída ao pensador chinês Confúncio (551 a.C. - 479 a.C.). É verdade.
E quando queremos atribuir palavras à uma imagem? Temos que recorrer ao nosso repertório em busca da tradução estética do que pensamos e do que queremos transmitir.
A imagem que ilustra esse texto é um exemplo disso. Fiz o registro na estrada, ao amanhecer, durante o trajeto para o trabalho.
A partir desse contexto, uma das ideias que me ocorreu para descrevê-la foi “alvorada voraz”. Alvorada é “a primeira claridade, o crepúsculo da manhã” e voraz “que devora, difícil de saciar”.
Para quem, como eu, viveu a adolescência nos anos 80/90 muito provavelmente lembra da música homônima da banda R.P.M. do álbum “Rádio Pirata Ao Vivo” (Sony, 1986).
Lembrei do título da canção, mas não de toda letra. Consultei o Google e foi como se tivesse entrado em uma máquina do tempo.
Estava lá o registro de uma época longínqua, situada no século passado, mas ainda presentemente insaciável como sugerem Paulo Ricardo e Luiz Schiavon.
“(...) Apocalipticamente, como num clipe de ação/Um clic seco, um revólver, aponta em meu coração/O caso Sudan, Maluf, Lalau, Barbalho, Sarney, ninguém paga o Jornal/É a propaganda, pois nesse país, é o dinheiro quem manda/Juram que não corrompem ninguém, agem assim/Pro seu próprio bem/São tão legais, foras da lei/Pensam que sabem tudo/O que eu não sei (...)”.
As músicas, assim como as imagens, valem mais que mil palavras. Bem, mas essa foi em 1986, antes, muito antes, de conhecermos o que hoje chamamos de corrupção. Não?